A história dos Capuchinhos em Vitória da Conquista tem sua origem nos idos de 1941, conforme se lê no Livro de Tombo da Diocese.

“Aos seis de janeiro de mil novecentos e quarenta e um, às nove horas da manhã, dia de Epifania do Senhor, à estação da Missa Paroquial dei, na forma Canônica, após a leitura da provisão passada pelo Exmº e Revmº Arcebispo Primaz, posse ao Revmº Frei Egídio de Elcito como Vigário Ecônomo da Freguesia. Fiz-lhe a entrega do Arquivo e demais documentos existentes da mesma Paróquia. Conquista, 6 de janeiro de 1941. Mons. Florêncio Vieira”

Nesses termos, lavrados em Ata pelo Monsenhor Florêncio Sizínio Vieira, Vigário da Paróquia de Amargosa e representante do Sr. Arcebispo Primaz da Arquidiocese da Bahia, era documentada a chegada dos Capuchinhos à Paróquia de Nossa Senhora da Vitória e o início das suas atividades religiosas, cinqüenta e sete anos atrás. Era o enlace religioso entre a Comunidade Conquistense e a Ordem dos Capuchinhos da Bahia.

A celebração dos 40 anos da criação da Diocese de Vitória da Conquista – 14 de agosto de 1998 – enfocou a presença dos Capuchinhos na nossa Cidade, e marca a sua influência em toda a história da Diocese.

A Vila de Conquista fora emancipada do Município de Caetité, civilmente, pela Lei Provincial nº. 124, de 19 de maio de 1840, com o nome de Imperial Vila da Vitória.

Posteriormente, a Imperial Vila da Vitória fora elevada à categoria de cidade, com o nome de Conquista. Só muito depois, em 31 de dezembro de 1943, pelo Decreto-Lei Estadual nº. 141, de 31 de dezembro 1943, passou a denominar-se Vitória da Conquista.

Até 1940, Amargosa e Conquista, religiosamente, faziam parte da Arquidiocese do Salvador.

Criada a Diocese de Amargosa em 1940, a Paróquia de Vitória da Conquista, consagrada a Nossa Senhora da Vitória, foi desmembrada da Arquidiocese da Capital, e constituída Paróquia autônoma, sendo governada por um Vigário Ecônomo, praticamente um Administrador Apostólico, escolhido e nomeado pelo Sr. Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil D. Augusto Álvaro da Silva. O escolhido para este cargo foi o Frei Egídio de Elcito, missionário capuchinho, do Convento Nossa Senhora da Piedade, da cidade do Salvador. O Frei Egídio de Elcito tomou posse no dia 06 de janeiro de 1941, como se lê na ata do Livro de Tombo.

O Frei Egídio de Elcito já tinha estado em Conquista, em 1932, “dando missão”, juntamente com outro missionário Capuchinho, o Frei Pedro de Crispiero, época em que era Vigário o Padre Exupério Gomes, de feliz memória. No encerramento da missão, o Frei Egídio lançara a primeira pedra da igreja matriz, atual Catedral. Ademais, para que os trabalhos não sofressem descontinuidade, o Frei Egídio organizou também a “Comissão das Folhas Semanais”, que tinha por objetivo arrecadar o numerário necessário para o pagamento semanal dos trabalhos da construção da igreja.

Por feliz coincidência, em janeiro de 1941, a Paróquia de Nossa Senhora da Vitória recebe como seu Vigário, o incansável Frei Egídio de Elcito.

A partir desta data, a história de Vitória da Conquista é intimamente ligada à vida dos Capuchinhos, e eles fazem parte do seu desenvolvimento, da sua vida religiosa e cultural.

A Catedral de Nossa Senhora das Vitórias, majestosa e imponente, dominando o panorama da Cidade, construída num trabalho denodado e voluntarioso, tem seu nome ligado aos Capuchinhos desde a primeira pedra, até aos últimos traços da pintura. Começada em 1932, teve os seus trabalhos interrompidos em 1939, por dificuldades financeiras. “Estando a igreja coberta e ladrilhada”, como se lê no Livro de Tombo, era ocasião para uma parada de descanso.

Com a chegada dos Capuchinhos, em 1941, e providencialmente, com a presença do Frei Egídio de Elcito, Vigário Ecônomo da grande Paróquia, os trabalhos foram recomeçados no dia 30 de janeiro de 1941, sendo concluídos, definitivamente, em 17 de janeiro de 1948.

No Livro de Tombo são narrados, minuciosamente, vários fatos relativos à nova igreja: “15 de agosto 1943. Festa da Padroeira N.S. da Vitória. Neste dia benzi o novo sino de 152 quilos… 28 de outubro 1943. Hoje chegou o Pintor José Lima para pintar a Igreja que já está acabada, faltando os altares… 1º maio 1944. Terminei hoje de tirar os andaimes da matriz, estando terminada também a pintura”. (Livro de Tombo, fls. 02).

A belíssima Igreja recebeu a bênção de inauguração em 17 de janeiro de 1948, em ato religioso presidido pelo Frei Egídio, representando o Sr. Arcebispo Primaz da Bahia.

Em 28 de novembro de 1946, o Frei Egídio de Elcito foi nomeado Superior Maior dos Capuchinhos, tendo que se mudar para o Convento da Piedade, em Salvador, sede da Cúria Provincial. Para substituí-lo, foi designado como pároco, o Frei Miguel Ângelo de Cingoli, que juntamente com o Frei Pio de Esplanada e Frei Apolônio de Barra de São Pedro eram Vigários Cooperadores da grande Paróquia.

Numa espécie de relatório, o Livro de Tombo da Fraternidade, trás, às fls. 04, v, outras informações preciosas: “No dia 11 de janeiro de 1947 voltei para Conquista para entregar a Paróquia a Frei Miguel Ângelo de Cíngoli… No dia 17 de janeiro benzi a Nova Matriz, autorizado pelo Exmº Bispo e no dia 19 dei posse ao novo Vigário e aos Cooperadores Frei Apolônio de Barra São Pedro e Frei Pio de Esplanada. A Matriz e os altares estão terminados e a Igreja inaugurada. Laus Deo et honor Mariae”.

Em janeiro de 1947, o Frei Egídio encerrou definitivamente as suas atividades em Vitória da Conquista, deixando um trabalho bem organizado nas mãos de excelentes colaboradores.

Com os novos Superiores da Província da Bahia, também a fraternidade de Vitória da Conquista recebeu outros reforços. Foi assim que em fevereiro de 1948, encontramos novos trabalhadores nesta vinha do Senhor. Como Vigário, foi nomeado o Frei Isidoro de Loreto, tendo como cooperadores o Frei Miguel Ângelo de Cingoli, e o Frei Romano de Offida, italianos de muita fibra e grande zelo apostólico.

Em 1956, o Frei Miguel Ângelo foi transferido para Feira de Santana, e a freguesia ficou entregue ao Frei Benjamim de Villa Grande, removido da Fraternidade de Alagoinhas, que veio com muita garra e muita vontade de trabalhar.

As primeiras providências que deveriam ser tomadas eram essenciais para o futuro da grande Paróquia, já com perspectivas de se transformar em Diocese. Eram imprescindíveis: a aquisição de uma Casa residencial para o futuro Bispo Diocesano; as dependências para a instalação da Cúria Diocesana; o terreno para a construção do Seminário da Diocese, etc. O Frei Benjamim foi providenciando, minunciosamente, todos esses ítens. O Palácio Episcopal foi construído na Praça João Gonçalves, nº. 156, com dois andares, na esquina com a Rua João Pessoa, onde, atualmente, funciona a Casa do Clero e a  COTEFAVE – Comunidades Terapêutica Fazenda Vida e Esperança.  O terreno escolhido para o Seminário Diocesano, foi junto ao Parque Theopompo de Almeida.

Em 1958, tudo estava pronto para a criação da nova Diocese, aguardando-se apenas o ato jurídico que seria emanado da Santa Sé. Em 27 de abril de 1958, finalmente, saiu a nomeação do primeiro Bispo de Conquista, sendo escolhido para o cargo, o Reitor do Seminário da Diocese do Senhor do Bonfim, Mons. Jackson Berenguer Prado. “No dia 14 de agosto – narra o Livro de Tombo – grandiosa recepção do novo Bispo Dom Jackson Berenguer, e à noite criação da Diocese de Vitória da Conquista” (fls. 58). Em sessão solene, foi instalada a nova Diocese. No dia 15 de agosto de 1958, festa de Nossa Senhora da Vitória, Dom Jackson tomou posse da sua Diocese, nova e cheia de esperanças. Era a Festa da Padroeira. Houve a Missa solene, cantada, abrilhantada pela Schola Cantorum do Seminário Santo Antônio dos Capuchinhos de Feira de Santana. Era uma espécie de despedida dos Capuchinhos da sua Paróquia de Nossa Senhora da Vitória. Por dois anos eles ficariam ainda prestando serviços na catedral, como Vigários, em tudo auxiliando os primeiros passos da nova Diocese.

Frei Serafim do Amparo, OFMCap
05 de novembro de 1998

Frei Isidoro de Loreto, OFMCap e a Catedral Metropolitana